Convento e Igreja de Santo Antônio
O convento franciscano situa-se na rua do Imperador, nº 2607, no bairro de Santo Antônio, Recife – PE, antigamente chamado Ilha dos Navios, devido à oficina de reparos de embarcações que ali havia. A igreja e o convento do Recife começaram a ser construídos depois de dezembro de 1606.
As primeiras construções foram erigidas ao longo da margem do rio, fronteiras ao bairro do Recife, estendendo-se depois, pouco a pouco, para o sul, no sentido dos Afogados, por onde se fazia a ligação com a região açucareira da Várzea do Capibaribe.
A ponte e o palácio da Boa Vista, do conde de Nassau, estabeleceram as novas edificações no sentido poente. Depois, com o aterro da Boa Vista e as primeiras casas do arruado, já designado por Banda de Santo Antônio, sendo chamado centro urbano da Vila de Santo Antônio do recife, onde se levantava o convento de Santo Antônio, devido aos frades fundadores serem reformadores da província capucha de Santo Antônio do Brasil, e também ser o convento dedicado ao mesmo santo. Até então, era simplesmente uma aldeia de pescadores, como esclarece o cronista frei Jaboatão, mencionado por Fernando Pio: do corredor superior do convento se deixa ver tudo que é mar, desde Olinda ao norte até o Cabo de Santo Agostinho ao sul. (PIO, Fernando. O Convento de Santo Antônio do Recife e as fundações Franciscanas em Pernambuco. Recife: Diário da Manhã, 1939. p. 38)
A arquitetura franciscana especificamente possui um programa homogêneo, em que os prédios dos conventos encontram-se reunidos em volta do claustro; um pátio, à maneira dos adros das antigas basílicas cristãs; esse claustro localiza-se geralmente à esquerda (Olinda, João Pessoa, Serinhaém, Igarassu, Penedo, Marechal Deodoro e Salvador), e algumas vezes à direita (Recife, Ipojuca e Paraguaçu).
Segundo Germain Bazin, os conventos franciscanos começavam a ser construídos pela parte destinada à moradia, ao redor do claustro; logo após, vinham a capela-mor e a nave; o frontispício era deixado para o final. (p. 60)
O Adro e o cruzeiro
O Convento de Santo Antônio é precedido por um adro, não muito espaçoso, delimitado pelo frontispício da igreja conventual, muros laterais em calcário e um portão limite com a rua. No muro, do lado esquerdo do acesso encontra-se a inscrição seguinte:
Nesta igreja, em ponto não assinalado, repousam os restos mortais do herói Henrique Dias que mais alto elevou a raça negra defendendo o Brasil e a igreja dos invasores holandeses. Faleceu em 1662. (MUELLER, Bonifácio, Frei, O. F.M.. Convento de Santo Antônio do Recife, 1606 a 1956. Recife: [Imprensa Oficial do Estado de Pernambuco], 1956. p. 9.)
O espaço é emoldurado por dois guardiões da casa. Em seu livro, Frei Bonifácio Mueller intitula os guardiões de leões: datam de 1770 os dois leões de barro, como guardas e defensores do edifício, leões estes que em virtude de um conserto mal feito mereceram uma censura de Dom Pedro II, assim como uma advertência da Inspetoria dos Monumentos de Arte. (Idem)
Hoje danificados, não se sabe de fato sua feição original. O fato pe que Frei Bonifácio Mueller usa uma referência acerca dos leões, de A. do Vale Cabral que, pesquisando as inscrições de Pernambuco copiou ao pé dos leões a data “Ano 1775 ou 1773”. Consta ainda na mesma referência a seguinte observação: sua Majestade, o Imperador D. Pedro II, na sua visita ao Recife em 27 de Novembro de 1854 externou-se pouco favorável lançando no seu caderno de notas a seguinte observação: externamente ao convento como ornato, há dois animais de barro que tudo podem ser, menos o que pretendem representar que são leões. (Idem)(p. 62)
No Convento de Santo Antônio da Paraíba encontram-se dois leões à direita e à esquerda do paredão do adro. Animais estes que se assemelham aos Leões de Fô, semelhantes aos da mitologia indochinesa, que são colocados na entrada dos templos orientais. Essa relação testemunha a influência oriental trazida pelos missionários, particularmente os franciscanos, como é discutido na dissertação de Glauce Burity, A Presença dos Franciscanos na Paraíba através do Convento de Santo Antônio.
O uso dos leões não se restringe, apenas, ao convento da Paraíba; deduz-se que a intenção inicial, no Convento do Recife, talvez fosse utilizar os dois leões como guardiões, como todos os indícios levam a crer; porém, após os reparos, o resultado final não foi o esperado. Também não se sabe de fato como eram as feições desses leões que não agradaram à Majestade.
O adro é originário, na maioria das vezes, do símbolo da cruz, a ser colocado diante do frontispício. O cruzeiro tem importância tal que dá margem a todo um desenvolvimento arquitetônico, formando um espaço onde se desenvolvem as procissões da Via Sacra.
No caso do Convento Santo Antônio, o cruzeiro atualmente assume uma outra localização, em comparação aos desenhos de Barleus, pois em 1606, o Convento de Santo Antônio e sua igreja beiravam as águas do Capibaribe, separados por dez ou doze braças. É de se supor que ocorreram aterros de grandes proporções, o que explicaria a distância verificada nos dias atuais.
Frei Bonifácio Mueller refere-se assim ao cruzeiro do Convento de Santo Antônio: O alteroso cruzeiro de pedra que se vê em frente à Igreja ficava originariamente situado mais distante, ao correr dos prédios fronteiros, e foi removido para o local em que se acha em 1840, para dar lugar à construção dos ditos prédios. (MUELLER, Bonifácio, Frei, O. F.M.. Op. Cit, p. 10.)(p. 63)
Na frente do convento, onde hoje [1908] se acha a calçada do prédio n. 13 da Rua 15 de Novembro, estava colocado o antigo cruzeiro, composto de uma grande cruz de madeira sobre pedestal de pedra.
Tendo Antônio da Cunha Guimarães adquirido o terreno adjacente ao cruzeiro, pretendeu a demolição deste para construir o prédio atual.
Dirigiu-se aos frades, mas estes o não atenderam. Então Cunha chamou operários, e em certo dia quis levar a efeito a demolição, quando os operários chegaram para iniciar seu trabalho, a comunidade franciscana (tendo os frades as cabeças envolvidas nos capuzes), veio postar-se nas janelas do coro, e frei José de São Jacinto Mavignier, pregador imperial e capelão militar começou a deblaterar:
Ímpios, vêm destruir o símbolo da nossa redenção; Deus há de castigá-los!
Os operários recusaram fazer a demolição.
Cunha teve de entrar em acordo com os religiosos e construir o cruzeiro que está no adro da igreja.
Somente depois foi-lhe possível a demolição do antigo cruzeiro. (Id., Ibidem, p. 11)
A fachada
A fachada do Convento de Santo Antônio pode ser dividida em três corpos: o primeiro, térreo, onde está a arcada, com cinco aberturas em cantaria, três das quais sustentam o frontispício da igreja.
Provavelmente estas arcadas originaram-se de uma antiga galilé, assentadas em pilastras, o que, no final do século XIX tornou-se uma mudança corriqueira em tais construções; a parede que as separava da nave provavelmente foi demolida e os respectivos arcos transformados em portas, como é o caso da igreja e convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro, localizado no Largo da Carioca, segundo análise da professora Sandra Alvim, no Inventário Arquitetônico do Rio de Janeiro – UFRJ.(p. 64)
O arco, localizado à direita, dá acesso à portaria, e o localizado na lateral esquerda, colado ao muro que separa a Ordem Terceira do Convento dá acesso ao nicho dedicado a Santo Antônio, com uma grade torneada em jacarandá. Os outros três arcos, localizados ao centro, dão acesso à igreja do Convento. Esses arcos são ornados por aduelas, espécie de cunha em cantaria, e o espaço entre eles é preenchido por frisos verticais e folhas em relevo. Os mesmos arcos encerram-se na imposta, apoiada sobre as pilastras, cujo efeito de adorno se sobressai sobre o da estrutura. As portas de entrada são em madeira jacarandá, atualmente pintadas na cor verde.
O segundo corpo é delimitado, lateralmente, por quatro volutas, das quais duas, mais abaixo, são imponentes em relação ao tamanho, excedendo os limites laterais da igreja, ficando uma sobre a porta de entrada da portaria e a outra sobre a entrada do nicho de Santo Antônio. As outras duas, numa proporção menor, localizam-se acima das mencionadas anteriormente. Ainda no segundo corpo, correspondendo às três arcadas centrais, há três janelas localizadas acima, cujas folhas almofadadas, em madeira jacarandá, são rasgadas por inteiro. Os elementos que compõem a janela, tais como: peitoril, verga, sobreverga e ombreira são em cantaria. Acima das janelas estão três óculos, que iluminam o coro, sendo o central maior que os demais, mais ornamentado e coroado por um detalhe semelhante a uma folha. Nas laterais, antecedendo as volutas, estão os cunhais em cantaria, terminados em pináculos.(p. 65)
Em sua base está escrito o ano 1770. Para encerrar o segundo corpo, apoiando o frontão está a cimalha, um friso saliente, semelhante a uma cornija de fachada.
O terceiro e último corpo é formado por um frontão e coruchéus, que finalizam a fachada. É delimitado por volutas rebuscadas e, em seu centro, está o símbolo da Ordem Franciscana, braços que se cruzam numa verdadeira ação de graças.
Finalizando a torre, está o campanário, pertencente à segunda metade do século XVIII. Nesta época, em Pernambuco, era costume encontrar, como solução, o arremate de campanários, em forma de sino. Sua forma é quadrada, porém, seu coruchéu, de forma bulbosa, tem soco octogonal. Ambos são revestidos por pequenos azulejos de cor branca, emoldurados por outros com detalhes em cor azul, ladeados por quatro pináculos e, em seu corpo na abertura frontal, há um relógio.
Segundo Bazin, esse tipo de campanário, em forma de sino e com arremates bulbosos, pode ser uma conseqüência evolutiva do modelo usado no fim do século XVII e início do XVIII, que era chamado de meia laranja. Confere com a citação: O coruchéu desenvolvendo-se mais, torna-se elemento principal que provoca a degeneração do zimbório, que se aplaina para servir de soco… Se o soco toma uma forma bulbosa para se adaptar à do coruchéu temos então o bulbo de Santo Antônio do Recife. (BAZIN, Germain. A arquitetura religiosa barroca no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1996. p. 184)(p. 66)
Reformas e remodelações (1912 – 1991)
As reformas e alterações introduzidas no Convento de Santo Antônio do Recife, bem como as mudanças de uso dos espaços construídos, nem sempre foram catalogadas e acompanhadas devidamente pelo Patrimônio Histórico. A maior parte delas consta apenas em atas, elaboradas pelos cronistas da Ordem, que ficam sob a responsabilidade do Guardião do Convento. Esses registros se revestem de grande importância, vez que a literatura franciscana, diferentemente da relacionada à Companhia de Jesus, não oferece um amplo acervo de obras de consulta.
Partindo da pesquisa em atas, cujo acesso foi permitido pela extrema gentileza do atual Guardião do Convento de Santo Antônio do Recife, Frei Aluízio Fragoso, foi possível tomar conhecimento de algumas das alterações ocorridas entre 1912 e 1991, a saber:
Em 1912 não houve registros de alterações, reformas ou remodelações no estabelecimento.
No ano de 1913, soou pela primeira vez o relógio da torre da igreja, adquirido com o dinheiro proveniente de piedosos e benfeitores do Convento. Ao que tudo indica, até então inexistia relógio na torre, hipótese que pode ser confirmada na seguinte afirmação: no dia 16 deste mês durante a festa, às dez horas bateu pela 1º vez o relógio da torre. (CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO DO RECIFE. Arquivo. Ata do Guardião, 1913. p.9)
Não há registro esclarecendo sobre qual foi a festa citada no documento aludido.
Em fins de julho de 1915, o mausoléu da portaria foi transferido para entrada da Igreja da Ordem Terceira. Como é descrita a mudança: …na igreja velha da mesma ordem, era muito pesado, mas não ocorreu nenhum desastre, pois tivemos a proteção do anjo da guarda, pois uma das peças quase esmaga os pés de um dos padres que ajudaram na transferência da mesma. (Op. Cit., 1915, p. 22)(p. 108)
Os tetos da igreja e do Convento de Santo Antônio foram reparados em 1916. Também foi encontrada a imagem de Nossa Senhora da Piedade, completamente arruinada pelo cupim juntamente com a Via Sacra: na igreja ficou a imagem de Nossa Senhora da Piedade que foi achada na capela debaixo da torre completamente arruinada pelo cupim e a 2º estação da Via Sacra ficou bastante atacada. (Op. Cit., 1917, p. 35). Os reparos foram executados pelo Irmão José, que concluiu toda a tarefa no ano de 1917, após o que retornou ao Convento de Serinhaém.
Em abril desse ano ocorreu um incêndio na Capela, estragando talhas, jarros, tapetes e forro. Em novembro, alguns exaltados apedrejaram o Convento, quebrando algumas janelas, à procura de um espião.
Convém lembrar que esse ato de vandalismo pode ter decorrido do fato da maioria dos frades serem de origem alemã e a época corresponder à Primeira Guerra Mundial. Acresce ainda a celebração de uma missa, no convento, para a tripulação de um vapor alemão ancorado no porto.
É fato que haviam estrangeiros hospedados no convento nesse período, o que pode ser confirmado na seguinte citação: Houve em Março um grande reparo no fogão da cozinha feito por um alemão do vapor ancorado no porto do Recife. (Op. Cit., 1917, p. 36)
O convento e a igreja foram caiados externamente no mês de fevereiro de 1923.
Um incêndio no Santo Sepulcro destruiu totalmente a imagem da Virgem nos primórdios de 1925, o que levou à substituição dessa imagem pela de Nossa Senhora da Piedade, que se encontrava no cemitério do Convento: o padre guardião mandou colocar a imagem de Nossa Senhora da Piedade que se encontrava no cemitério para que no dia 6 de Março ocorresse a benção desta imagem e da Capela do Convento. (Op. Cit., 1925, p. 91)
Algumas imagens foram reparadas por Frei Manoel, que chegou da Alemanha em janeiro de 1926: No dia 19 de Janeiro chegou aqui o Frei Manoel, que demorou alguns dias a fim de reparar algumas imagens, e embarcou para a Alemanha no dia 17 de Abril com Frei Erasmo de Ipojuca. (Op. Cit., 1926, p. 95)
Serviços de pintura e reforma foram feitos na sacristia, armários, refeitório, Igreja, portaria e Capelas de Santo Antônio e Nossa Senhora da Piedade; além disso, as imagens e bancos da Igreja foram envernizados e encerados no decorrer de 1927.(p. 109)
Novo púlpito foi adquirido para a Igreja em 1929, mediante consentimento do Rev. Provincial. Foi também construída uma nova escada, facilitando a comunicação com a portaria. A sala destinada à oração da Ave Maria foi transformada em duas celas. Também no mesmo ano foram caiadas e limpas a frente da igreja e do Convento, sendo pintadas as portas e janelas.
Outra mudança ocorrida em 1929 foi a transformação do antigo corredor que dava acesso à biblioteca e celas adjacentes em nova enfermaria e sala de recreio para os padres, abrindo-se o corredor para o lado do quintal.
A capela da portaria sofreu grandes reformas, a fim de receber as imagens de São Francisco e Santa Terezinha, que foram colocadas em cima de dois pedestais, ao lado do altar, todo remodelado e dourado. A grade prateada foi assentada mais para dentro da capela, as paredes receberam nova pintura e as janelas, vidros de cor. Além dessas reformas, no ano de 193 foi iniciada a restauração da Capela dos Noviços, que só foi finalizada em 1932. Conforme está citado: a capela dos Noviços, um monumento de arte, foi completamente restaurada, depois de urgentes trabalhos no decorrer de dois anos, sob a direção do Frei Bartholomeo e entregue ao culto divino. (Op. Cit., 1932, p. 133)
Em 1933, em função da festa de Santo Antônio, o claustro e duas salas adjacentes foram reformados. Os tijolos quebrados e úmidos foram substituídos por mosaicos; serviços de pintura foram feitos nas colunas, portas e paredes; os canos de escoamento das águas pluviais passaram por uma limpeza geral. Na parte interna do edifício foi construído um pequeno oratório, porque o barulho dos bondes e autos que transitavam pela rua do Imperador perturbava a concentração dos padres quando oravam no coro da igreja.
Em novembro, no dia de Finados de 1934, o cemitério do Convento passou por uma reforma, com os antigos jazigos sendo completamente remodelados.
O mais próximo registro dando seqüência às atas é marcado pela vinda do Provincial da Bahia, no dia 5 de janeiro de 1944, trazendo em sua companhia o Ver. Hermano Cistenciense, arquiteto da Diocese do Bonfim, encarregado pelo governo da província da confecção das plantas da igrejas de Ipanarana e Campina Grande.(p. 110)
No mesmo ano o Guardião, Frei Prudêncio Kalinovoski, viabilizou a instalação da cozinha e do banheiro. O frei Lamberto, do convento de Iquarana, participou da instalação do refeitório, copa e sala de reuniões, mandando fazer uma estante grande para a biblioteca comum; o refeitório recebeu uma nova pintura e geladeira.
Frei Humberto, em 1950, foi encarregado da pintura interna do Convento. Por falta de recursos, deixou-se de pintar o exterior do edifício.
Foi instalado, em 1951, junto ao tanque do pavimento inferior, um motor que, automaticamente, transportava a água para o piso superior, como narra a seguinte citação: foi instalado no pavimento térreo um novo tanque para colher água que não sobe por falta de pressão. Por este motivo colocou-se junto do tanque um motor que automaticamente se liga, quando falta água no tanque superior. Desta forma, o Convento se vê livre da antiga e quase constante escassez d’água, e todos podem sem receio tomar o seu banho refrigerante. (Op. Cit., 1951, p. 221)
No segundo semestre de 1952 foram efetuadas reformas em uma das celas. Neste mesmo ano o novo Guardião, frei Cilício, providenciou o conserto e pintura das janelas o coro da igreja, que mereciam um trato urgente. O cronista suplica, complementando o fato: queira Deus, possamos num futuro longínquo, cogitar no asseio externo do convento.(Op. Cit., 1952, p. 223)
Na Capela de Santo Antônio, no ano de 1953, além dos serviços de pintura, foram colocadas arandelas, com caixas de junco, para receber as velas dos fiéis e uma caixa destinada à coleta de pedidos dos devotos.
No mês de setembro desse mesmo ano foi pintada a capela do Convento, pelo Irmão Tarcísio, estando em fase de acabamento o candelabro restaurado pelo Irmão Teófilo.
Em setembro de 1954 foram realizados consertos urgentes no telhado que liga o Convento à igreja.
Ainda em 1954, o Padre Guardião mandou retirar e vender a velha instalação de canos de chumbo para gás e, com a venda do material, conseguiu dinheiro para pintar o forro das celas e corredores. Na biblioteca foram instalados dois armários, para acomodar os periódicos.
No ano de 1955 foi aberta uma porta na entrada do Convento. O terreno entre o salão e o muro transformou-se em pequeno jardim, com bancos de pedra.(p. 111)
A canalização do cemitério foi direcionada para o fundo do terreno e estendida até o jardim, para a rega das plantas. O salão foi pintado e recebeu um belo quadro, que antes estava colocado na escadaria da casa.
O corredor do 1º andar, as celas e as salas ao lado do altar-mor e refeitório foram pintados pelo Frei Josafá, cabendo ao Patrimônio Nacional a pintura da fachada e da torre: …pintura da fachada e da torre antes de se iniciarem os festejos de 350 aniversários de fundação deste convento. Para o dito aniversário frei Bonifácio está compondo um livro sobre a história do nosso convento. (Op. Cit., 1955, p. 241)
Ao longo de 1956, foram pintadas as capelas da portaria, o claustro e as celas do 1º andar, pelo irmão Josafá, e feitos reparos no telhado do refeitório. Por ocasião dos trabalhos de pintura, foi retirada uma espessa camada de cal, que há muitos anos cobria a fachada de azulejos em cima das arcadas, deixando-os limpos e dando ao claustro um aspecto novo e belo.
Nos primeiros dias de janeiro de 1957, as instalações sanitárias foram totalmente transformadas, serviço custeado pelo Rev. Irmão Padre Provincial. Consta em ata um sério desentendimento havido entre os responsáveis pelo Convento e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A instituição protestou porque achava que deveria ter sido consultada; os administradores argumentaram, lembrando o notório desinteresse do Diretor local do Patrimônio, atrasando consideravelmente as obras que se faziam necessárias.
Os serviços foram concluídos em fins de setembro desse mesmo ano.
No andar térreo foram instalados sanitários. O primeiro e segundo pavimentos receberam mictórios, chuveiros e uma banheira completa para os confrades enfermos.
Em março de 1957, o Patrimônio iniciou as obras de restauração do frontispício da igreja, e da torre. Foi retirada a janela do coro. Posteriormente, pretendiam retirar as portas da entrada da igreja, recuando-as para as arcadas interiores, o que reduziria significativamente os espaços já insuficientes para o culto, sem falar dos inconvenientes que a área aberta entre as antigas e novas portas trariam para a segurança do Convento.
Em conseqüência do impasse surgido, as obras foram paralisadas e instaurado um processo.(p. 112)
Depois de algumas discussões, chegou-se a um consenso: “As portas podem ser recuadas para os areados do interior, mas em seu lugar serão colocadas outras, em forma de grade, como já existem de ambos os lados. Além disso, as janelas do coro, por serem indispensáveis na época chuvosa, serão substituídas por outras do sistema antigo, tipo guilhotina.(Op. Cit., 1957, p. 247)
Passados 3 meses, porém, o Patrimônio continuou em silêncio completo, enquanto os andaimes embaraçavam os transeuntes.
Na parte térrea, no oitão da casa, nivelou-se o piso de duas salas utilizadas geralmente para depósito, com grossos tijolos cerâmicos. Na sala de visitas um grupo de móveis foi reempalhado.
No ano seguinte,1958, o IPHAN ainda não havia iniciado os serviços de reparo no telhado da igreja e do Convento, nem colocado as janelas no coro da igreja, conforme o acordo firmado. Como destaca o cronista: de passagem seja dito que o Patrimônio Histórico Nacional ainda não deu sinal de colocar os serviços projetados nos telhados da igreja e do convento; nem tão pouco foram colocadas as janelas no coro da igreja.(Op. Cit., 1958, p. 247)
Em 1959, foram reformadas as instalações elétricas do coro, a fim de facilitar a leitura de meditação e, na biblioteca, os livros foram reorganizados e catalogados, as janelas teladas para impedir o acesso de morcegos e proporcionar um ambiente arejado, ao assoalho e os armários envernizados e encerados e as paredes pintadas.
O lustre do centro da igreja foi completamente desmontado, todas as peças cuidadosamente polidas e depois cobertas com fina camada de verniz. Depois foram iniciados os trabalhos de pintura da Casa: …agora o lustre resplandece em nova beleza e por muito tempo resistirá às influências do clima. (Op. Cit., 1959, p. 254)
Outros esforços foram desprendidos para a instalação de uma nova portaria, entretanto, o projeto não foi aprovado pelo Patrimônio. Conforme a citação: …o reverendo padre Guardião em entendimentos com os dirigentes locais do patrimônio nacional de arte, estes já elaboraram uma planta, a qual, no entanto, não obteve a aprovação do Patrimônio Central do Rio. Por isso, um novo projeto será elaborado e apresentado ao referido patrimônio. (Op. Cit., 1959, p. 259).
Em abril de 1963, foram iniciados os trabalhos de repintura e de restauração da igreja. Antes disso, o Padre Guardião entrou em contato com o diretor do IPHAN, Dr. Ayrton Carvalho, sendo firmado um acordo entre as partes. (p. 113)
Caberia ao Patrimônio fornecer e armar todos os andaimes necessários aos serviços, o material apropriado para a restauração dos quadros e imagens, as tintas (inclusive a escolha da cor) e orientar o serviço de pintura.
Em contrapartida, o Convento forneceria os recursos financeiros para a aquisição do material e o pagamento dos pintores e restauradores.
Para a limpeza da nave e repintura das portas, janelas, paredes e forro da igreja o Padre Guardião contratou a firma Klein Pinturas.
O trabalho durou 2 meses. Nesse período foram restaurados 2 quadros sobre os altares laterais da igreja. Fez-se necessário remover as camadas de tinta sobrepostas até se chegar ao desenho original e ao ouro, ainda em bom estado, de uma obra do século XVII.
Os quadros da Via Sacra, que tinham sido colocados em 1917, foram substituídos por cruzes em ouro e branco. Impunha-se esta modificação, pois os quadros ditos modernos, além de serem grandes demais, não combinavam com o estilo da igreja.
Esses quadros foram enviados para a igreja da Ordem Franciscana, na Paraíba.
Além da substituição ocorrida na Via Sacra, feita com a aprovação unânime dos padres da casa, resolveu-se tirar também a imagem moderna do Sagrado Coração de Jesus do trono do altar-mor, e substituí-la por um crucifixo antigo, conseguindo-se assim dar ao mesmo um estilo barroco.
Verificou-se também que as imagens de São Francisco e Santo Antônio foram repintadas várias vezes, prejudicando a pintura original. A de São Francisco foi restaurada nesse ano (1963), orçando esse trabalho em dois milhões de cruzeiros.
A partir de novembro de 1964, o Convento sofre reformas. O antigo prédio, nos fundos da casa, e o anexo, que antigamente abrigava a cozinha e, mais tarde, os sanitários, foram derrubados, a fim de abrir espaço para uma casa comercial e uma rua larga para veículos, mediante a aprovação do Patrimônio. Os trabalhos foram concluídos e 1965; as obras se estenderam durante seis meses. Em face disso, sanitários foram instalados em todos os andares.
Nesse mesmo, as celas passaram a ter água corrente mediante a colocação de um tanque, com capacidade de 12 metros cúbicos.
No exterior do edifício, todo reboco antigo foi substituído por um novo e foram limpas as pedras em torno das janelas e portas. Caibros, ripas e traves foram substituídos por causa do cupim. No telhado desapareceu a platibanda e as águas são despejadas em curso direto. Diz o cronista: …o novo reboco mais resistente por meio de cimento e uma ligeira tonalidade de cor cinzenta, dá uma impressão bem agradável. Até o fundo do prédio, antigamente um tanto negligenciado, apresenta magnífico.(Op. Cit., 1965, p. 279)(p. 114)
Em 1966 inaugurou-se uma portaria. Nesse espaço foi colocado um oratório, que antes se encontrava no lado direito do Convento, mediante a permissão do Patrimônio Nacional. As imagens foram conduzidas para uma capelinha nova, que até então servira de mausoléu. Na portaria foram colocadas grades, confeccionadas em uma carpintaria de João Pessoa. As chamadas dos frades para a portaria, confessionário, etc., eram feitas por meio de buzinas elétricas, montadas em diversos setores do Convento. Ocorreram também algumas mudanças de uso com relação aos espaços, o que confere com a citação: o antigo depósito da portaria foi cedido ao Comissariado da Terra Santa. Ao mesmo Comissariado foi cedido outro salão do convento. O grande salão, que desde 1942 estava ocupado pela Terra Santa, voltou à disposição do nosso Convento e serve agora para reuniões, especialmente dos terceiros… (Op. Cit., 1966, p. 282)
Em 1º de julho de 1968, o Convento sofreu novas reformas, sob a direção do Vice-Provincial, Frei Osvaldo Lima, para que fosse instalado um provincialado definitivo em uma ala separada e o Convento adaptado às exigências “modernas”. Os trabalhos duraram seis meses.
Nessas reformas foram aproveitados o antigo e amplo refeitório, com o salão adjacente e, embaixo, a parte da antiga cozinha e o depósito da sacristia. Todo o assoalho foi renovado, as paredes novamente rebocadas. Sob o antigo forro armou-se outro, conferindo com a citação a seguir: abaixo do velho forro armou-se outro forro, lâminas de gesso ligadas ao antigo forro mediante arame inoxidável. (Op. Cit., 1968, p. 288)
No espaço do antigo refeitório instalaram-se 5 celas bem espaçosas e mais uma saleta. As divisórias das celas eram de madeira e contavam com água encanada.
Todo o salão da frente passou a funcionar como arquivo, biblioteca e sala de reuniões eventuais. Foram feitas outras modificações: uma escada de pedra que levava ao pavimento superior, uma saleta de visitas, uma nova cozinha com dependências e o refeitório da comunidade, que ganhou mais janelas. Também foram construídas algumas garagens.(p.115)
Os anos de 1967, 1968 e 1969 não foram relatados pelo cronista. Os acontecimentos relativos a estes anos foram relatados por outro cronista, em 1970, na tentativa de recompor os três anos que deixaram de ser escritos. Vale conferir a observação encontrada a respeito desses três anos: …o cronista nomeado em 1970 se acha nas contingências de tentar um relato mais ou menos exato do triênio passado.(Op. Cit., 1967, 1968 e 1969, p. 284)
A respeito dos trabalhos de conservação ou reforma no ano de 1970 destaca-se, em julho, a reforma da instalação sanitária no Convento, e ainda, no mesmo mês, os trabalhos na nova instalação elétrica da igreja, sendo os fios embutidos na parede e a igreja repintada. A instalação elétrica foi feita com iluminação indireta, empregando-se lâmpadas fluorescentes.
O teto do Provincialado ameaçou ruir, em março de 1971, sendo imediatamente substituído por um forro de madeira.
Em fins de dezembro de 1972, foram feitos melhoramentos no refeitório, sendo as paredes revestidas com madeira (peroba envernizada).
O telhado do cemitério foi reformado em 1973, o mesmo acontecendo com o salão das obras dos tabernáculos, da igreja e do Convento.
No ano de 1974 executaram-se trabalhos de caiação, pintura, reboco, reformas no telhado e consertos de novéis. Além disso, foram revistas as instalações elétricas do Convento e da igreja e perfurou-se um poço artesiano, para solucionar o problema da falta de água. O relógio da torre ganhou um novo mostrador.
O IPHAN no mês de setembro de 1975, começou os trabalhos de recuperação do telhado e de manutenção do claustro, e a biblioteca e o assoalho foram pulverizados com veneno contra cupim.
O trabalho do telhado e do claustro iniciado em 1975 foi concluído no ano de 1976, contudo, não foi feito reboco, por falta de verba: …fizeram um trabalho muito bem feito e seguro. Infelizmente não terminaram com o trabalho de reboco, por falta de verba. Mas, de qualquer jeito o trabalho foi bem feito. (Op. Cit., 1976, p. 325)
A igreja, em 1977, recebeu seis bancos e um cofre forte doado pela família Batista da Silva, que foi embutido na parede da sacristia, para guardar objetos de valor da igreja: a família Jorge Batista da Silva doou ao Convento um cofre forte que foi embutido na parede para guardar objetos de valor da igreja: …um crucifixo antigo de madeira com rubi… duas custódias grandes de ouro; dois castiçais de prata tipo candelabro… (Op. Cit., 1976, p. 330)(p. 116)
Neste mesmo ano foi restaurada a escada da torre e feita limpeza das janelas.
Em 1978 abriram-se janelas na sala de recreio e no claustro e ocorreram reformas no sistema de abastecimento de água e nos banheiros. Foram desenvolvidos programas de combate ao cupim e feita a pintura das portas da igreja e do Convento.
O IPHAN neste mesmo ano providenciou uma porta para o claustro, a fim de fechar a entrada para o salão. Sobre a revisão do telhado, por conta de goteiras e cupins, no ano de 1979, afirma o cronista: …uma vez que o nosso Convento é muito antigo há sempre necessidade de fazer revisão de telhado… (Op. Cit., 1979, p. 346)
Houve também trabalhos no refeitório, nas celas e no claustro.
Nos meses de março, agosto e dezembro de 1980 foram realizados serviços de imunização, inclusive no telhado da igreja.
Em 1981 foram restaurados o telhado do salão da Pia União de Santo Antônio e das obras do Tabernáculo, que receberam forro novo, bem como do depósito da sacristia.
No refeitório, o revestimento de madeira foi substituído por azulejos e os armários de alvenaria foram refeitos e revestidos de azulejos. Comprova a citação: foi tirado o revestimento de madeira, que só servia de casa para baratas e substituído tudo por azulejos. A copa permaneceu como estava, por motivo de economia, embora quebrando a estética. Os armários de madeira foram tirados e, em seu lugar, foram feitas novas instalações em alvenaria revestidas de azulejos. O novo aspecto do refeitório parece que agradou a todos. (Op. Cit., 1981, p. 360)
O Padre Guardião, em 1984, renovou o salão de visitas e a capela. O altar também sofreu reformas. O telhado da igreja e do Convento, bem como as portas, foram consertados. O padre guardião renovou a nossa sala de visitas, como também a nossa capela, onde a comunidade se reúne para as orações. Foi feita uma reforma muito feliz com um altar. (Op. Cit., 1984, p. 385)(p. 117)
O piso e as paredes da sala de reunião foram renovados em 1985. Colocou-se cerâmica sobre o piso e azulejos nas paredes, até a altura das janelas. Os trabalhos duraram 2 meses. Todas as celas do Convento receberam nova pintura.
O último registro de reformas, em ata, foi feito no mês de abril de 1991, havendo referência à restauração da capela interna, com o intuito de recuperar o dourado do altar.(p. 118)
Fonte
Inventário pesquisado no acervo técnico da biblioteca do IPHAN de Pernambuco