Igreja Nossa Senhora do Terço
Igreja localizada no pátio do Terço, em Recife.
1726
…uma Notícia resumida sobre a Confraria de Santa Rita de Cássia, Igreja, Patrimônio e Indulgências publicada juntamente com o Compromisso da Venerável Confraria de Santa Rita de Cássia (Recife, 1909) e extraída dos livros da Confraria ou do que há exato conhecimento (pág. 16) refere que a Irmandade de Santa Rita de Cássia foi instalada na Vila de Santo Antônio do Recife a 19 de outubro de 1726, tendo por padroeira a imagem de Santa Rita de Cássia, que existia em um dos altares da Capela de Nossa Senhora do Terço, cuja Capela a esse tempo tinha um sacerdote por administrador (pág. 3).
1732
Primitivamente a Capela do Terço era administrada por um sacerdote, indicando que a Capela era de instituição particular.
Ata lavrada em 29 de novembro de 1859: …na qual se declara que o irmão Procurador Geral mandara tirar pelo cartório do Tabelião Batista de Almeida a copia da escritura de doação de nossa Igreja a Irmandade de N. Sra. do Terço, no ano de 1732, feita por D. Isabel Cardoso, cuja cópia da escritura custou 40$ e foi entregue a S. M. O imperador quando visitou nossa Igreja.
1749
A sua origem remonta ao começo do século XVIII, pois o autor da crônica Calamidades de Pernambuco, escrita em 1749, refere que a Igreja modernamente se fabricou com esmolas.
1825 – Frei Caneca: privação das ‘ordens sacras’ em frente a Capela do Terço
…em frente a ela ocorreu uma das cenas mais dramáticas da revolução republicana de Pernambuco, a exaustoração da ordem sacra de Frei Caneca (13 de janeiro de 1825), momento antes do seu arcabuzamento pouco mais adiante nas proximidades do Forte das Cinco Pontas.
1844 – Arquitetura da primitiva Capela do Terço
Seg. Pereira da Costa (1853-1923):
…que a Igreja primitiva era de construção modesta, com uma torre na parte posterior e uma porta somente na fachada, que terminava com um frontão simples, triangular, acomodado à coberta do edifício.
Seg. J. A. Gonsalves de Mello:
O exame dos documentos da Irmandade revelou que a Igreja tinha como a atual, corredores dos lados da nave e ao contrário da atual, tinha dois altares laterais
Obras / Reformas na 1ª metade a meados do século XIX. 1844-45 / 1853
1844-45
…das obras da nossa igreja…
Altares laterais: entalhador Rufino José Correia.
Em (1844) o ”entalhador Correia” (…) fez duas urnas para os altares laterais por 64$, conservou o entalhe dos mesmos por 80$ e fez 10 sanefas para portas e tribunas por 80$.
Púlpito novo: Na mesma ocasião fez-se um “púlpito novo” por 80$, mas não se indica o entalhador, provavelmente o mesmo Correia, para o qual pagou-se ainda 4$ “ao cantéo que aprontou a pedra do púlpito”.
Pintura e douramento: altares laterais , 10 sanefas e o púlpito. Obra do pintor Francisco Antônio Pinto, por 42$.
Fez-se o ladrilho da Igreja, sacristia e corredores por 15$420.
1846-47
Capela-Mor – reforma e feitio da mesma, pelo entalhador Rufino José Correia, por 14$400.
Pintura e douramento da capela-mor e de toda a Igreja, inclusive as imagens, por Antônio José Tibúrcio dos Prazeres por 570$.
1847-48
Obras de entalhe. Rufino José Correia faz 2 peanhas e José Julião Dias fez três tribunas e a grade do coro…, douradas no mesmo período.
Altar (lateral) de S. Braz: aquisição da imagem de S. Braz de 2 palmos de altura. Aquisição da pedra d’ara para o altar.
1852-53
Execução da calçada à roda da Igreja, trabalho do pedreiro Candido Francisco Gomes.
2.3. Igreja de N. Sra. do Terço: Obras de reedificação (1858-60 / 1871-72 / 1887)
1858-60 – Igreja do Terço: Reedificação
Avaliava-se que a Igreja do Terço achava-se, então, bastante arruinada – corredores laterais das tribunas, forro da igreja, e a profundidade do ladrilho que já se acha dois palmos abaixo do nível do calçamento da rua Direita; fora observado o desformoseamento exterior do templo. A Câmara municipal vistoriara a Igreja, concluindo pela identificação de ruínas, optando a Irmandade pela necessidade de ser requerida a reedificação da Igreja à Câmara, sendo o pagamento feito por loterias provinciais e esmolas de fiéis.
1857-58 – Igreja do Terço: “O plano da nova Igreja”.
Nesse ano compromissal foi pago o desenho da Igreja (50 R$). Era jogo de cinco desenhos emoldurados em 1858-60. Não foi, ainda, identificado quem era o autor do projeto.
Início das Obras de reedificação da Igreja.
A reforma e reedificação da igreja começou pela reconstrução dos oitões das Ruas Direita e das Águas Verdes, por contrato com o Mestre Pedreiro Manuel do Carmo Ribeiro. A importância que lhe foi paga nesse ano, de 2:477$750, pelo seu vulto, parece indicar que a reconstrução abrangeu grande extensão das paredes, certamente com a retirada do telhado da nave, …”
1863-64-65
Encomenda em Portugal da pedra – lioz aparelhada – para a fachada da Igreja, pela qual se pagou 945$540, além de fretes e despachos. A pedra chegando em 1864-65 permitiu que a construção da frente da Igreja fosse iniciada em seguida às obras dos oitões…
Em 1865 a Mesa decidiu que se devia continuar com a obra da nossa Igreja, isto é, com o alicerce da frente e se possível for levar a obra até à altura dos dois oitões existentes.
1864-65
Nessa época de reedificação da Igreja do Terço, suas imagens, inclusive as da capela-mor foram trasladadas para guarda na Matriz da freguesia de S. José. Era de urgente necessidade demolir-se o resto das paredes velhas da torre (1865).
1865-66
Mesmo com as obras de reedificação da Igreja do Terço suas imagens haviam permanecido ali até 1864. No ano seguinte, suas imagens, inclusive aquelas da capela-mor foram trasladadas para a Matriz da freguesia de S. José. Interromperam-se as missas que eram ditas no altar da sacristia. Era de urgente necessidade demolir-se o resto das paredes velhas e a torre. A empreitada das obras de pedreiro com o Mestre Manuel do Carmo Ribeiro, prosseguiram ainda em 1865-66.
1867-1869
Em maio de 1869, foi iniciada a cobertura da Igreja, pelo pedreiro Manuel do Carmo Ribeiro; foi então colocada uma cruz do alto do arco da capela-mor, …, e a trave-mestra da coberta.
1869-1871
Decorreu nesse período o trabalho de construção e ornamentação da torre, única da fachada. Em 1869-70 pagou-se pelo desenho da torre e cruz, a artista não identificado. Sua construção permaneceu sob a responsabilidade do pedreiro Manuel do Carmo Ribeiro, cujos pagamentos da empreitada da torre concluem-se em 1871. Nesse período (1870-71) a irmandade encomendara no Porto (Portugal) para ornamentação da torre: azulejos, pirâmides, balaústres, cruz e anjos. O material cerâmico deve provir das fábricas de Gaia, ao sul do Porto, especializadas na fabricação dos balaústres e outros ornatos arquitetônicos (Santos Simões). A Cruz e os Anjos foram colocados no frontispício em maio de 1871.
1871-1875
As obras finais de reconstrução externa parecem referir-se sobretudo à conclusão das portas, janelas e sacadas. Nesse sentido sucedem-se, nesse período, as despesas de pedreiro, cantaria, grade de ferro e obras de carpina. Houve doações de particulares como a de Tomás Antônio Coimbra que deu uma porta para a frente da Igreja. Mons. Francisco Muniz Tavares doou o relógio que existe na torre da Igreja, conforme notícia do Diário de Pernambuco de 7 de dezembro de 1875.
1871-72 / 1874 / 1887
As obras finais de ambientação da Igreja do Terço, só concluíram-se após a execução de uma série de serviços para conclusão da Igreja. Nesse sentido ainda foi necessário fazer-se obra de pedreiro e canteiro; bem como de carpina para instalação das duas escadas de volta, de acesso aos corredores superiores, de pintura da igreja, por obra de estuque, tetos, pela estampa de Nossa Senhora do Terço do teto da Igreja; e o pagamento de 3:500 a José de Sousa Moréia [Moreira?] “pela entalha da Capela Mor, púlpitos, varandas, sanefas e camarim”.
Em janeiro de 1874, com a sagração da Igreja pelo Bispo D. Fr. Vital Maria Gonçalves de Oliveira, as imagens voltaram para o novo templo de N. Senhora do Terço, vindas da matriz de S. José. Em 1887 fez-se a pintura da nave da Igreja e altares, trabalho feito por Joaquim Eustáquio das Neves por 3:000$…
Fonte
Acervo IPHANPor: Fernando Ponce de Leon
Recife, Julho de 2004.
Pesquisado emBiblioteca do IPHAN de Pernambuco