Recife

Igreja Nossa Senhora da Boa Vista

André Martins on 11/05/2017

Igreja Matriz da Boa Vista

Localizada na rua Matriz no bairro da Boa Vista em Recife, tem 1784 o início de sua construção.

1770 – 1771
Em 1770 foi criada a Irmandade do Santíssimo Sacramento, que se reunia na Igreja da Santa Cruz. No ano seguinte a Irmandade recebeu aprovação régia.(p. 14)

1778
Neste ano a Irmandade do Santíssimo Sacramento recebeu sentença favorável do provisor do Bispado, autorizando a construção de uma igreja própria.(P. 16)

1784
De acordo com o historiador Pereira da Costa, neste ano se iniciou a construção da igreja: dando-se assim começo às obras de construção do templo no referido ano de 1784 o lugar em que se estava construindo a igreja do Sacramento, segundo um documento da época, ficava já nos começos dos alagados do rio, até onde chegavam então os seus espraiamentos, pelo que foi necessário fazer-se o seu competente aterro, que foi dispendioso, pela profundidade do alagado e dilatada área que requeria a disposição da igreja e suas dependências…

Também é esta a data que consta na inscrição existente no corredor da igreja, do lado da epístola: Eucharistioe Santissimo Sacramento. A confratibus coeteris que fidelibus tamplum hoc dicantum quarto die nonas Maii Anno Salutis Oeternoe – MDCCLXXXIV.(P. 17)

1793
Neste ano, ainda segundo Pereira da Costa, já estavam construídas a capela-mor e as sacristias, e, desse modo, em 9 de junho desse mesmo ano teve lugar a solene trasladação do Santíssimo Sacramento da Igreja da Santa Cruz para o seu novo santuário e no dia imediato a festa inaugural, que constou de ma missa solene e Te Deum como se vê de uma das notas que encontramos no arquivo da Catedral de Olinda.(p. 18)

1822 – 1823
O pintor Francisco José Pinto, em 1822, estava contratado para pintar e dourar a capela-mor e toda a igreja, mediante contrato de dois contos e quatrocentos mil réis, porém, executou o serviço apenas na capela-mor, tendo repassado o restante do serviço para Manoel de Jesus Pinto, por um conto de réis.(p. 18) Não há informações precisas sobre quais partes, específicas, foram pintadas e douradas.

No ano seguinte já estavam concluídas as obras da capela-mor, faltando, apenas, a pintura dos seus grandes painéis decorativos.(p. 20)

1839
Na opinião de Pereira da Costa, neste ano, todas as obras principais da igreja estavam “encaminhadas”, no mínimo, estava, pelo menos, levantada toda a estrutura do templo.(p. 20) Também, neste ano, começaram as diligências da Irmandade para o planejamento e compra do material para o frontispício. Em abril de 1840 a Irmandade recebia do Sr. Joaquim Elias Xavier, de Lisboa, proposta para fornecimento das pedras e do risco da fachada, feito pelo arquiteto português Manoel Joaquim de Souza; em junho já, fechado o contrato, chegaram as primeiras amostras de pedra e os ajustes no risco proposto.(p. 27-28) A Irmandade planejava mandar vir de Portugal um arquiteto, ou dois mestres de obras, para assentar as pedras que formavam a fachada.(p. 29)

1841
A importação das pedras para o frontispício foi paralisada no começo do ano por falta de verbas da Irmandade que tampouco pôde mandar vir de Portugal a mão-de-obra especializada no assentamento.(p. 29)

Em abril deste ano já estavam demolidos o antigo frontispício e a torre da Igreja (provavelmente se tratava de uma fachada simples, com uma só torre).(p. 40)

No final do ano a Irmandade retomou a importação das pedras, após firmar contrato com o arquiteto André Willmer para a montagem do frontispício, cujas pedras estavam ainda na beira do rio, esperando serem transportadas para a Igreja.(p. 29 – 31) A importação de pedras e os trabalhos de montagem ainda se arrastariam por muitas décadas.

1842
Apesar de todos os outros serviços que já estavam prontos, neste ano ainda se estava demolindo a coberta da Igreja, provavelmente para refazê-la em definitivo, após a demolição dos antigos frontispício e torre. O documento que nos informa deste fato, afirma que a nova coberta deverá estar prompta antes de 6 mezes.(p. 20-21)

1843
Documento interno da Irmandade nos informa sobre o estágio das obras: Emquanto as obras interiores faltava a cornija, a pintura do tecto, o reboque das paredes, o estoque (sic) dos dourados que muito tinhão sofrido pela caliça e poeira e finalmente o ladrilho de mármore para pavimento e alem de tudo isto achei mais dividas a pagar contrahidas pelo meo antecessor, com as obras em geral, de perto de 4 contos de reis, não esmoreci comtudo e resolvi promover uma subscrição nesta cidade e aplicar o seu producto no acabamento do interior da Igreja no que fuy tam bem succedido q. so na freguesia da Boa Vista tenho tirado perto de 3.500$000 e espero tirar todo o precizo para acabar toda a obra em q se está trabalhando com toda actividade (grifo nosso).(P. 21-22)

1844
De fato, em 1844 foram terminadas todas as obras do interior da igreja, inclusive a pintura do forro da igreja e o retoque/recuperação do douramento do corpo da Igreja, obras realizadas pelo mestre pintor Caetano da Rocha Pereira(p. 22), conforme a seguinte ata de 26/03/1844: O nosso irmão Juiz contractou com o mestre pintor Caetano da Rocha Pereira de alimpar o ouro da capela mor, da cornija para baixo, contemplando a mesma cornija, envernizar os painéis da ditta capella e pintar e alimpar o ouro da mesma capella e a grade do arco grande assim como no corpo da Igreja o seguinte: alimpar todo o ouro e reformar aonde não tiver e pintar todos os arcos dos altares, os dois painéis da frente, os óculos e as tribunas, as portas, os altares debaixo do coro, a arcada e engradamento do mesmo coro, todos os portais e porta, pintar todas as portas e janelas do templo, tanto do interior como do exterior.(p. 23)

1854 – 1858
Em 1854 foi contratado o estatuário Francisco d’Assis Rodrigues (1810 – 1877), então diretor da Academia das Belas Artes de Lisboa e um dos mais afamados artistas de sua época, para a confecção do painel da glória e dos quatro evangelistas que ornam a fachada da Matriz. Em 1858 chegou o painel da glória e no ano seguinte foi instalado.(p. 39-40)

1871 – 1877
Em 1871 chegaram ao Recife as imagens dos quatro evangelistas da fachada da Igreja, entalhadas também em Lisboa (como todo o frontispício), pelo estatuário Francisco d’Assis Rodrigues. As imagens só foram instaladas em 1876.(p. 37)

1887 – 1889
Em 1881 há referências às torres inconclusas e à falta de meios para concluí-las. Apenas em 1887, graças a um auxílio votado pela Assembléia Provincial, pôde a Irmandade recomeçar os trabalhos. Em 1888 ficou pronta a torre leste e no ano seguinte a torre oeste. Apenas neste ano foram finalizadas as obras do frontispício da Matriz, iniciadas em 1840. Todo este frontispício é de cantaria de Lisboa.(p. 40-41)

1921
Segundo informações do historiador Pereira da Costa, neste período a Matriz da Boa Vista sofreu grandes reformas internas: Interiormente tem tido a Igreja grandes melhoramentos e transformações, sendo a mais notável, entre estas, a remodelação da capela mor à moderna (o grifo é do próprio Pereira da Costa) com o que apenas escapou o forro do teto, de madeira e talha; tudo o mais, o altar com seu retábulo, o sacrário e o camarim com seu competente trono, desapareceram, perdendo assim o santuário o cunho originário, particular, do tempo da construção do templo, belíssimo atestado do estilo de uma época; e os seus grandes painéis, a óleo, sobre madeira, emoldurados, que escaparam, ocupam, porém, um lugar secundário, nos corredores laterais da Igreja. A nova capela mor, obra efetivamente bela e vistosa, teve solene inauguração a 24 de Dezembro de 1921 e a sua construção andou nuns 100 contos de réis.(p. 24)

Fonte
Acervo IPHAN

Fernando Ponce Leon
Recife, 2003

Pesquisado emBiblioteca do IPHAN de Pernambuco